Dias pensantes

Ensaio António de Castro Caeiro

Há dias que são como pensamentos. Ou talvez deva dizer-se que os pensamentos são como os dias. Os pensamentos são como os sentimentos. Não há só pensamentos de natureza teórica, cognitiva e intelectual. O pensamento abre-nos o seu conteúdo como um sentimento nos dá a sentir o que sentimos. Dizemos, no nosso idioma, que um sentimento nasce, cresce. Talvez desapareça ou morra. Quando nos referimos ao sentimento desta maneira, não estamos a falar de uma emoção ou de uma comoção ou de um afecto. Estamos a referir-nos a um poder completamente diferente, por mais importante que seja a vida emocional na nossa existência. Um sentimento que se sente dá-nos a sentir um determinado conteúdo, sobre o qual faz incidir a sua acção. É o sentimento que se faz sentir sobre um determinado conteúdo. Mas o sentimento faz-se sentir como sentimento a cada um de nós. Dizemos por isso que temos sentimentos por alguém. Fundimos o “eu” pessoal com o sentimento que se tem e o conteúdo sentido. A formulação: sentimento tido sobre um conteúdo, sentimento que se tem, sentimento que se faz sentir sobre um conteúdo, sentimento que se faz sentir a alguém sobre um determinado conteúdo parece saturar a realidade e ser redundante, mas aponta para a estrutura intencional e extática do sentir. O ser do sentir é relacional. É do interior do sentimento como sentir que percebemos o elemento activo: sentimento como o que faz e dá a sentir e o elemento passivo: o que é sentido e o elemento reflexo: o que “se” sente. A estrutura não é reflexiva. Todo o sentimento tem esta tripla múltipla acção activa, passiva, reflexiva ou melhor média em que se pode acentuar o sentimento que deveras se tem, o sentimento que alguém faz nascer em nós e, por isso, representa o bem ou o mal, tudo ou nada, ou a acção recíproca do sentimento tido por acção de alguém nas nossas vidas e por acção das nossas vidas sobre alguém. Mas o sentimento pode ser excêntrico, a sua acção centrífuga: faz-se sentir a mim a respeito de alguém ou de algo. O ser do sentir é desdobrado nesta forma complexa de actividade/passividade, não coincidência com o “eu”. Mas percebemos que a esfera pessoal é afectada pela acção do sentir do sentimento. Ainda assim, a capacidade de afectação de um sentimento é também complexa. Podemos encontrar-nos sob a sua acção sem nos apercebermos da sua presença. Podemos estar absolutamente cientes da presença de um sentimento. A enorme dificuldade da nossa relação com um sentimento verifica-se com o facto já há muito descoberto de podermos encontrar-nos em negação relativamente a sentimentos, modos e maneiras de ser, características do nosso ser. 

Um pensamento é como um sentimento. Pensar é como sentir. Também deveríamos dizer de um pensamento o que dizemos de um sentimento. Um pensamento oferece-se a pensar, oferece-se a mim a pensar nele e, nesse pensamento, há um campo de conteúdos. Também com um pensamento posso confundir-me e achar que sou eu quem o tem a respeito de um determinado conteúdo pensado por mim. Esta fusão interpreta a concentração do pensamento no “eu”, o conteúdo como o resultado da acção do pensar. Eu penso um pensamento. Mas o próprio movimento centrípeto que a formulação trai indica o carácter extático do ser do pensar. Sou eu a ter um pensamento a respeito de um conteúdo pensado. Pensar um pensamento é uma deslocação. Mesmo uma deslocação reflexiva. A reflexão não se dobra apenas sobre si própria espacialmente. Regressa ao ponto de partida no tempo. Nunca, contudo, coincidirá nem no espaço nem no tempo com o pensamento pensante. Eu vejo coisas vistas. Quando reflicto no “eu vejo”, é porque me identifico ali e não noutro sítio, naquele tempo e não noutro tempo, mas, agora que aqui ainda estou, já não é no mesmo tempo. Posso até nem sequer já lá estar. Quando regresso ao “eu vejo” a partir das coisas “vistas”, tenho de inflectir a direcção vectorial. Vejo por exemplo que as lentes dos óculos estão sujas. Deixo de estar em contacto com os carros no parque de estacionamento lá em baixo no Hotel onde há miúdos a jogar à bola e passo a recuar o contacto para as lentes dos óculos a milímetros de distância. Mesmo o movimento centrípeto do pensamento perceptivo implica êxtase, excentricidade relativamente a mim próprio. Perceber, por exemplo, é uma percepção que se constitui e dá a perceber um conteúdo, mas coincide tão pouco comigo que me dá também a mim a ver esse mesmo conteúdo. Com a lembrança passa-se o mesmo. Lembra-me a mim e lembra-me de um conteúdo. Com a esperança passa-se também o mesmo. A esperança que eu tenho vem da esperança e a esperança é dada relativamente a um conteúdo. Eu sou tido em percepção. Não sou eu que tenho a percepção, nem a lembrança, nem a esperança. 

Sentimentos e pensamentos têm esta estrutura centrípeta ou centrífuga e excêntrica. Afectam-nos na proximidade ou à distância, estão presentes e são notados ou não são notados, estamos cientes deles ou não. Estão ausentes e ficam vida fora ou, então, estão ausentes e simultaneamente presentes.

Se podemos admitir uma mesma estrutura para esta interpretação do pensamento e do sentimento no seu ser mais próprio, a que corresponde a sua semelhança com o ser dos dias, com a manifestação dos dias, com o seu aparecer, com o seu devir, o seu decurso? 

Os dias aparecem como aparecem sentimentos e pensamentos. A temporalidade mais elementar é partilhada em comum por eles. Podemos dizer que nascem, duram, acabam. Uma outra coisa é saber se são singulares e únicos. Cada dia das nossas vidas parece ser singular e único. Mas será o mesmo com cada pensamento e com cada sentimento? Temos nós muitos pensamentos e sentimentos num só dia ou muito poucos ao longo de uma vida inteira? Por outro lado, é inegável que temos vários dias nas nossas vidas, com a sua parte de dia e a outra de noite. Mas os antigos diziam o que ainda dizemos, que a vida é um só dia. Um dia, um pensamento, um sentimento são sujeitos de acções intransitivas: nascem, existem, morrem. Sempre nos referimos a eles com categorias biológicas, botânicas, orgânicas, existenciais. Um dia, um pensamento, um sentimento não são substâncias estáticas. Movem-se, deslocam-se, metamorfoseiam-se, têm qualidades, luz e escuridão, peso e leveza, lentidão e rapidez, fazem sentir a sua presença ou são subtis, fortes ou suaves, para ficar ou para esquecer, positivos ou negativos, etc., etc.

Têm de ser convidados. Fazemos o esforço contínuo para estarmos presentes, para estarmos disponíveis para o que traz. Um pensamento como um dia traz coisas. O humano está exposto a ambos, a dias e a pensamentos, os dias dão que pensar e os pensamentos dirigem, orientam, enchem ou esvaziam os dias. Quando nos ocorre um pensamento, nunca vem só à mente. Chega-nos como o dealbar da aurora. Também o novo dia nasce antes do sol, mas ganha a força da clareza com o nascer do sol. Também um pensamento pode ir-se formando atrás e abaixo da linha do horizonte, lá ao fundo, no plano de fundo da nossa consciência, ou em cima, atrás das estrelas, ou em baixo, nas profundezas do mar. Quando um dia nasce, irradia luz por todo o lado e transforma-nos a nós. Quando um pensamento ocorre, não vem apenas à mente, não nos dá apenas “na cabeça”. Um pensamento tem o poder solar de irradiar por todo o lado de forma centrífuga e é óbvio que nós não somos o centro do pensamento nem o seu núcleo. Somos aquecidos e iluminados por um pensamento como somos pela luz do sol. Um pensamento cria, como o sol, atmosferas, esferas numa dimensão tubular que tudo envolve no seu espaço e tempo estruturantes. Um pensamento, quando vem, transforma tal como um dia o nosso meio ambiente por completo, independentemente do sítio em que estamos, e não transforma apenas porque podemos imaginar estar noutro sítio ou noutra localidade ou estar com outra pessoa diferente daquela com quem estamos. A nossa viagem na intoxicação traz muita gente, muitas situações, muitas possibilidades que só se passam na nossa cabeça e ficamos viciados nesse tipo de pensamento que existe no tempo da irrealidade e da possibilidade e da ficção e queremos lá estar porque estar lá é bom e não é apenas uma alternativa à realidade: é a realidade que nós queremos, e não queremos outra, a que temos é aborrecida, não se passa nada nela, não tem agenda e queríamos ter agenda. Na intoxicação, há uma alteração dos estados da consciência, uma revolução contínua, uma viagem, uma transição de um estado para outro, como acontece quando ouvimos música e viajamos pelos sítios em que a ouvimos pela primeira vez e pelos tempos ou épocas em que a ouvimos, mas depois há mudança no nosso corpo, alterações químicas e físicas, fisiológicas. Tudo se passa na alteração mental do que traz consigo uma alteração somática. O pensamento-dia pode ter o poder de uma faixa de punk rock ou trash metal ou pode ser um slow, pode ser uma sinfonia que nunca mais acaba, pode ser uma melodia que dura durante muitos dias, meses, como plano de fundo inaudível, imperceptível, mas está a condicionar os pensamentos que se destacam desse tema de fundo, pensamentos-dias que são frases musicais, que começam e duram para depois se apagarem, serem absorvidas pelo caudal musical do ritmo sinfónico que é de onde provieram. O pensamento-dia é dinâmico e tem sempre uma zona nuclear ou central que pode não ser, não é logo imediatamente identificada, é a personalidade do pensamento-dia ou o carácter, a personagem central. Mas um pensamento-dia não é nunca único. É acompanhado por uma corte, por partidos que o apoiam e por partidos que o contestam, tem inimigos declarados e inimigos que se fazem amigos e que se aproximam de forma sinuosa e sub-reptícia. Um pensamento-dia traz consigo sempre pensamentos-satélite, pensamentos-dias periféricos. Os pensamentos-dias satélite e periféricos não podem ser pensados como existentes apenas em duas dimensões, numa rodela ou numa circunferência que tem o seu perímetro, como se um pensamento-dia estivesse a coincidir com o que eu acho que é o meu centro, a minha cabeça, que é o invólucro do meu cérebro, o suporte material onde se encontra, não se sabe bem como, algo como a minha mente, a alma, portadora do espírito, do sopro vital, onde verdadeiramente se inspira e expira, se respira e suspira. Temos de pensar que existimos no interior de uma bolha, e uma bolha que não é oca nem vazia, sem que saibamos bem dizer qual é o enchimento ou o estofo estrutural que existe no seu interior. E não é bem um interior. Quando vemos uma bolha de sabão, ela é transparente. A transparência é a sua matéria. Não é nada, não é como se não a víssemos. Nós vemos a bolha de sabão porque os entes transparentes não são tão transparentes que não tenham a sua opacidade peculiar: vemos vidros muito limpos, percebemos a existência de lentes de óculos ou de contacto (sabemos o que é ver focado e desfocado), assim também há plásticos, água, atmosferas, bolhas de água e de ar, de sabão ou do que quer que seja que têm a sua opacidade ligada à sua transparência. Mas, quando vemos bolhas, vemos de fora e vemos as suas fronteiras. A bolha no interior da qual nós vivemos não admite fronteiras. Vemos a abóbada celeste no mês de Agosto, com o céu estrelado. Vemos, no cimo de uma montanha, todos os cumes de montanhas das cordilheiras e dos vales que formam com o céu azul um único plano de fundo. Vemos no fundo do mar o azul escuro e negro de onde se destacam os peixes e rochas e barcos afundados e os outros mergulhadores. Há limites abobadados e há planos que delimitam o subterrâneo e a superfície, o que existe no alto e é visível na abóbada celeste e o que existe para lá dessa película abobadada, mas sabemos que existem planos para lá da crosta da terra, que há espaço para lá da abóbada celeste, que a linha do horizonte se desfaz e refaz, que o interior se abre e deixa ver nos seus contornos. Estamos sempre no interior de uma bolha. Digamos que a sua matéria é elástica, é temporal e é fantástica, admite a realidade contra a qual nada podemos e admite a fantasia que trabalha a realidade para perceber que nada podemos contra ela, não já no momento em que a queremos transformar, mas, talvez se dermos tempo ao tempo, consigamos que ela se transforme. E depois temos a fantasia para criar mundos possíveis. Podemos levantar voo nesses mundos possíveis e é o que fazemos com a ficção, a imaginação, a fantasia, mas também com a lembrança, a previsão, a antecipação, a expectativa, como namoramos promessas e ficamos cheios de medo com ameaças. Todos estes portais são aberturas do pensamento. A própria realidade é um campo aberto por um portal, por uma porta de percepção que é achatada, que só quer ver o que pode ver e às vezes vê mais, muito mais do que pode ver, mas quer ficar cega para realidades que acha que não pode ou não consegue ver. Aqui a diferença entre ver e não ver não é a altura a que se formam perspectivas. Uma janela de um andar mais baixo que outro não dá a ver a mesma paisagem, por exemplo, a foz do Tejo. Ver e não ver dependem do tempo presente. A percepção só vê o que está dado a ver num tempo presente e fecha os olhos para o que estava dado a ver num tempo passado, mesmo passado há muito pouco tempo. Fecha também os olhos para o que estará dado a ver daqui a muito pouco tempo, fecha os olhos para o que está aí a rebentar a qualquer momento no futuro. A percepção está claustrofobicamente fechada entre o passado há pouco que já não percebe e o futuro daqui a nada que ainda não pode perceber. O passado há pouco e o futuro daqui a nada são passado e futuro respectivamente. O acesso ao passado e o acesso ao futuro nunca poderiam ser dados pela percepção. A percepção resulta da coincidência entre o presente e a presença da percepção. O passado é ressuscitado pela memória. O futuro é antevisto pela expectativa ou pela previsão. Somos revestidos de muitos pensamentos de manhã à noite. Achamos que os temos, por causa da tradição cartesiana. Mas este “achar” que os temos é também um pensamento que ocorreu. Não é verdadeiramente um pensamento tido, é um pensamento solto. Não se pode verdadeiramente dizer que temos um pensamento. Não se pode reter um pensamento. Quando vem até nós, um pensamento vem na forma de uma ideia. Dizemos erradamente que tivemos uma ideia. Porque a ideia é uma manifestação, uma forma de revelação, é qualquer coisa como um acontecimento que nos ocorre, vem ao nosso encontro, contra nós muitas vezes, não queremos acreditar no que nos é dado a ver ou aceitamos finalmente o que nos é dado a ver. Um pensamento chega até nós assim de forma estrondosa ou levemente e manifesta-se, convida-nos a pensar nele, solicita a nossa atenção para ele, mobiliza-nos primeiro como se não fosse uma coisa importante, depois como se fosse decisivo, a prender toda a nossa atenção. Um pensamento ocupa o tempo e o espaço da nossa vida, como o tempo e o espaço da nossa vida é ocupado quando ouvimos música. Tudo muda por causa de uma sensação óptica. A sensação óptica altera a nossa percepção do tempo, faz-nos engrandecer ou deixa-nos tristes, eleva-nos ou deprime-nos, faz-nos correr, saltar, dançar ou sentar, deitar, estar quietos e descontrair até quase adormecer, altera claramente o ritmo cardíaco, a respiração, os músculos que se contraem e descontraem, a nossa fisiologia, a nossa anatomia. Altera os conteúdos tácteis, o modo como sentimos o nosso corpo, mas também altera os conteúdos visuais, o que é difícil de explicar, porque o que é que um som tem que ver com uma cor ou uma forma ou uma imagem? Há cores, formas, imagens, configurações, conformações musicais, como ritmos, posições, alturas, volumes, podemos traçar correspondências, mas é irrelevante. Relevante é a transformação imediata que se sente quando se ouve música. Quando se tem um pensamento, sente-se exactamente a mesma eficácia resultante de uma presença actuante. Há entusiasmo ou horror, há a abertura para outros pensamentos que se tem na fluidez que resulta desse primeiro pensamento ou então fica-se parado a tentar perceber exactamente de que trata o pensamento que se teve. Todo o nosso corpo fica em suspenso desse pensamento, todo o sítio em que estamos fica contaminado na sua atmosfera por esse pensamento. Não há dentro da minha cabeça nem fora dela. Não há aqui neste espaço privado do meu quarto e o espaço da rua, do bairro, da cidade, do país, do continente, do globo, da galáxia. Um pensamento é atmosférico, abre-se e fecha-se, tem-se e não se tem, vem e vai, chega e parte como um organismo vivo que nos usa simbioticamente ou como o parasita que necessita do ser humano para existir. Um pensamento não existe por si no ar. Só existe onde há seres humanos. Só é transmissível entre seres humanos. Não se sabe de onde vem, qual a dimensão do ser em que nasce, se é divina. Musical é de certeza porque nos faz vibrar, mas para ganhar corpo, para ganhar forma, só é possível no ser humano. E não é obviamente apenas intelectual. Muda o corpo, muda a relação entre o corpo e o seu espaço, o seu ambiente, o seu meio, o seu meio ambiente e os outros com quem está. Um pensamento vem de onde? Um pensamento vai para onde? Um pensamento pode pairar sobre as nossas vidas durante muitos meses, décadas até. Mas pode também partir, sem deixar rasto, nem nos lembramos dele ou, se nos lembrarmos dele, não o conseguimos formular. Um pensamento não se fixa. É sempre no ir, como a frase musical que está continuamente a retinir nos nossos ouvidos e a percutir por todo o nosso corpo, mente, alma, espírito, ambiente. Temos de a montar como a garoupa de um cavalo ou a cápsula de um submarino que desce até às profundezas do mar. Mas um pensamento pode influenciar a nossa vida, pode ser tanto a nossa epiderme e o nosso interior, pode constituir tanto a nossa agenda, que não nos apercebemos que todo o nosso ser, o nosso a fazer, o nosso estar, depende das determinações desse pensamento que uma vez veio e compreendemos, e compreender esse pensamento trouxe consigo a nossa dedicação a ele, a nossa devoção a ele, a nossa ligação indissociável a ele. Somos tão indissociáveis de pensamentos que sem eles não nos reconheceríamos, ficaríamos perdidos na acepção mais própria da palavra, sem saber de que terra seríamos. Mas também é facto que há pensamentos que desaparecem como pessoas. As pessoas são uma bateria de pensamentos, de sensações, de emoções, de representações, de ideias, de livros que leram, músicas que ouviram, histórias que partilharam. Uma pessoa é para nós pensamento vivo, nuclear, pessoal, central e todo um conjunto de pensamentos-satélite, periféricos, com zonas sombrias, obscuras, e zonas transparentes, claras e conhecidas. Tal como acontece com as pessoas, também os pensamentos desaparecem para parte incerta. Fica em nós a casca do seu ser como a pele das cobras. Mas muitas vezes nem isso. Não se tem sequer a noção de que se tiveram esses pensamentos.