Sfumato

Poesia Ernesto Rodrigues

aspiração insidiosa 
ilusão ofertada pela indiferença 
volúpia em progresso subtilmente tardio 
dias partilhados     
noites que nunca chegam 
inépcia em me fundir com os astros 
ascese essencial à contemplação da lucidez
fragilidade mascarada      
sem sentido 

sou o derradeiro habitante da paisagem
erma e desprotegida
ruínas devolutas onde as mãos envelhecem     
ao relento 
herdo o torpor indolente 
comum às almas inomináveis 
assim arrefece distraído o enlevo 
parco e estóico
que raramente nos visita