Lixo cósmico

Conto José Xavier Ezequiel

à memória do meu amigo Master Bob

Perguntam-me muitas vezes, das poucas em que falo com alguém fora do trabalho, como é isto aqui em cima. Bom, respondo, é basicamente sempre a mesma coisa. Se não estiver nublado, de uma janela vê-se o planetazul e da outra vêem-se as estrelas. E não se sente sozinho? Sempre me senti sozinho, explico. A sério? Eu não brinco com a minha solidão, acrescento já com uma calculada pontinha de azedume na voz. O que me incomoda são os dias de folga, sem saber que fazer para passar o tempo, uma surtida rápida para comprar Bushmills, café em grão, chocolate preto e bolachas de água e sal, e despacho-me logo para casa, para não ter que levar com as pessoas.

Escusado será dizer que a conversa acaba aqui e ninguém se atreve a perguntar-me mais nada. O que normalmente me assegura um resto de noite descansado na ponta do sofá, a bebericar o meu copo de vinho, tinto, enquanto pesquiso no smartphone os últimos resultados da NBA, desporto onde aposto, com razoável sucesso, uma boa parte do meu salário oficial. Umas horas depois, a Joana toca-me no ombro e regressamos ao aconchego do lar, um sítio quase perfeito, pois apenas me obriga a partilhar o mesmo espaço com mais uma pessoa. Ou seja, ela. Que, quando está para aí virada, me deixa dar-lhe uma foda higiénica, necessariamente despachada, pois ela insiste em não perceber porque é que as pessoas dão tanta importância ao sexo quando, por ela, duas pessoas podiam perfeitamente amar-se e viver juntas sem essa tensão permanente que, as mais das vezes, só serve para estragar uma relação. 

Pelo meu lado, ter de partilhar, seja o que for, com mais de uma pessoa de cada vez, deixa-me sempre ansioso. Desde pequeno vivi sempre no meu canto. Como era adiantado mental, os professores limitavam-se a dar-me boas notas e até os colegas mais rufias me deixavam em paz, desde que lhes fizesse os trabalhos difíceis. Que eu fazia com verdadeiro prazer, para não morrer de tédio, pois nunca foi da minha índole fumar charros, beber cervejas, ouvir músicas de merda e gastar horas sem fim em jogos de RV, como aqueles mentecaptos faziam praticamente todas as tardes.

Ainda antes de acabar a faculdade já eu ganhava uma pipa de massa a crakar perfis de consumidores para empresas de vendas online. Farto de atravessar firewalls como cão por vinha vindimada, mal acabei o curso, que os meus pais me obrigaram a concluir, criei a minha própria startup, com base num algoritmo de encriptação que deixou os génios de Seattle de cara à banda. Ao princípio não me apetecia vender-me assim tão depressa, mas qualquer negócio exige interacção diária com outras criaturas de duas patas e eu, realmente, nunca me dei bem com isso. De maneira que aceitei uma proposta de dois mil milhões, depositados num fundo pessoal sedeado em Singapura, pagos através de uma subsidiária de Puerto Rico, e mais quinhentos mil oficiais, estes sujeitos aos impostos confiscatórios da União Europeia.

Entretanto os velhos morreram-me os dois, um a seguir ao outro, de mais uma pneumonia atípica importada da China. Passado um curto período de nojo, resolvi espatifar algum e ir ver como era o mundo, lá fora. Na Austrália contratei um descendente de irlandeses, criado pelos aborígenes, um gajo que ainda poupava nas palavras mais que eu, com quem passei duas semanas de jipe através do deserto, comendo costeletas de borrego acabado de esfolar, espremendo água de sapos petrificados na lama ressequida do deserto, chupando o mel acumulado na barriga extensível das formigas melíferas, visitando cavernas sagradas com pinturas todas elas feitas com as mãos, escutando a História de tribos que ainda preservavam a tradição de canções nunca escritas, bruxuleando noite fora à luz de fogueiras tão altas que até parecia que conseguíamos tratar as estrelas por tu.

Ouvi uma sinfonia do Villa-Lobos na ópera de Manaus, construída no tempo em que o cautchú valia mais que o ouro, cujo exterior um dia havia sido pavimentado com tijolos de borracha natural, para que os cascos dos cavalos e as rodas das charretes não perturbassem as sinfonias conduzidas por maestros mandados vir directamente de Paris. Quedei-me desiludido quando descobri que os tijolos de borracha tinham sido retirados para um museu e o pavimento fora todo refeito em asfalto, comum, mas depois subi o Amazonas e pernoitei no barco abandonado pelas filmagens de Fitzcarraldo, o conquistador do inútil, um louco irlandês que queria montar uma ópera mesmo no meio da selva. Criado pelo não menos louco Werner Herzog, este um louco alemão, a partir do verdadeiro Carlos Fermín Fitzcarrald, meio americano, meio peruano, o barão da borracha que descobriu o istmo, entre dois afluentes do Amazonas, que agora leva para sempre o seu nome.

Fui picado pelo dengue, mas safei-me mesmo à justa. Segui para a Patagónia, onde sobrevoei aquele lindo deserto gelado que ocupa, até ver de forma permanente, uma boa parte do território argentino. Continuei a descer até ao Sul, tentando seguir o mais possível o percurso de Bruce Chatwin, Na Patagónia, através de Punta Arenas, na Terra do Fogo, até à promessa final do Cabo Horn. E olhei para o Pacífico tal como seguramente fizera Fernão de Magalhães no distante Novembro de 1520. De frente.

Depois atravessei meio mundo e apanhei o Transiberiano na grande estação de Kazansky. Em vez de percorrer a linha original de 9 289 quilómetros, de Moscovo a Vladivostok, mudei em Ulan Ude e desci através da China, primeiro até Pequim e finalmente até Xangai. Se atravessar a imensa solidão da Sibéria me deixara tão relaxado que não me lembrava de alguma vez me ter sentido assim, o bulício desta megalópolis deixou-me completamente tonto. Cansei-me de tantas andanças e regressei a casa. 

Quando o tédio e a sensação de inutilidade começavam a tomar conta de mim, quis o destino que me aparecesse no monitor um anúncio de recrutamento para a recém-criada STR – Spacial Trash Removers, um consórcio dedicado à recolha de restos mortais de satélites meteorológicos e de comunicações, foguetes propulsores, painéis solares, estações orbitais abandonadas e até sacos de lixo enviados para o espaço pelos seus antigos ocupantes. Com o passar dos anos, transformou-se num problema premente, este de recolher e acomodar, num país subsariano já sem vivalma, os milhões de toneladas de lixo acumulado na órbita da Terra, quer em LEO – Low Earth Orbit, quer em GEO – Geostationary Orbit. Para além do perigo latente destes detritos espaciais poderem desintegrar-se na Terra, a sua profusão começou a criar um incontornável problema de colisão com os vai-e-vem, os satélites e as estações orbitais constantemente enviados para o espaço.

Ser um cromo alérgico às multidões e até mesmo um pouco misantropo era o melhor CV que podia apresentar. Pareceu-me ter o perfil adequado à função e não me enganei. Cada camião do lixo, como nós carinhosamente lhes chamávamos, levava três tripulantes, que asseguravam turnos sucessivos de oito horas cada. O que evitava o embaraço de termos que privar uns com os outros mais do que o protocolo exigia. Cada um tinha as suas generosas instalações, com quarto, WC, ginásio e escritório. Só a cozinha era comum, mas era como se não fosse, pois não me lembro de alguma vez me ter cruzado apenas por acaso com algum dos meus colegas, o que equivalia às comemorações do ano novo e cinco natais por ano, os nossos três, o da STR e o do menino Jesus propriamente dito.

Na verdade, estas reuniões sociais eram praticamente mandatórias, pois era política da empresa que o CEO nunca se esquecesse de nos enviar uma mensagem de parabéns e felicidades, em tempo real. E não iria cair nada bem se um de nós se atrevesse a baldar-se à sempre intimidatória figura do CEO.

Claro que, raras vezes, havia uma pequena crise técnica que nos obrigava a trabalhar em equipa. Nos dez anos que já levo nesta vida, uma crise desse tipo aconteceu-me apenas duas vezes. No geral as máquinas são completamente fiáveis, o factor humano serve apenas de redundância de segurança e a nossa função basicamente consiste, durante 99,99% do tempo, em não adormecer durante o turno.

O trio da STR 17 incluía, além de mim, um alucinado refugiado russo. Um dia bebera demasiada vodka e expusera segredos que acabara de crakar, só pelo gozo, da sinistra FSB. Como os velhos hábitos nunca se perdem, aproveitava as horas de serviço e continuava a trabalhar, por fora, para quem lhe pagasse. O que não era, de modo algum, contra a política da empresa. Desde que nos mantivéssemos acordados, não queriam saber o que fazíamos para passar o tempo. Voltar a casa é que se tornara um pavor, pois sabia que mais dia menos dia acabaria envenenado com Polónio, ou Novichok, ou qualquer outro veneno que a FSB andasse a testar. Por isso fodia tudo o que ganhava em homéricas sessões de putas, roletas e champanhes, durante cada semana de pausa, obrigatória após três meses de permanência no espaço.

O outro acabara na cave da avó desde o dia em que os pais morreram num trágico acidente de viação. Um joy rider, com as trombas cheias de metanfetaminas, galgou o passeio e apanhou-os completamente desprevenidos enquanto passeavam o Gervásio, um tímido Beaggle de nove meses. Ele e o cachorro foram poupados, porque andavam a deslizar para trás e para a frente e, nesse preciso momento, estavam afastados do local da colisão. De maneira que ele foi obrigado a ver o acidente, com as rodas do skate subitamente pregadas ao solo, numa sequência que anos depois ainda recordava, acordado e a dormir, em hiper slow motion

Cinco anos depois morreu-lhe também a avó. Herdou a casa, o Beaggle e dois seguros de vida que lhe dariam para viver sem grandes preocupações durante as décadas seguintes. Alugou a parte de cima da casa e continuou a ocupar a cave, onde desenhava jogos de computador num segmento em que se considerava um verdadeiro expert. Desde o advento dos carros eléctricos, os jogos de car crash simulation, com modelos vintage a explosão, tornaram-se um enorme sucesso junto dos jovens zombies que passam horas esquecidas sempre ligados, através do interface implantado atrás da orelha, ao último modelo sem fios da Playstation. 

Era mais forreta que um vilão do Charles Dickens. Durante as folgas regressava à cave e continuava incessantemente a trabalhar nos seus jogos, tal como fazia enquanto estava em órbita, sem gastar um tostão que não fosse estritamente necessário. A única relação física que mantinha era com o Beaggle, que deixava entregue os cuidados de um canil de cinco estrelas e se mijava de saudades cada vez que ele regressava do espaço.

Em compensação, eu era um geek um bocado diferente. Tinha um considerável pecúlio bem guardado, o que deixava desorientada a secção de pessoal da STR. É evidente que um consórcio com capitais russos, israelitas, sauditas e suiços não deixaria nunca de tirar a limpo quem metia nos seus dispendiosos camiões de lixo orbitais. Logo, sabiam perfeitamente que eu mantinha muito dinheiro devidamente resguardado da curiosidade do IRS. Ao contrário do russo, que nunca punha nada de lado, já que o espatifava como se nunca mais houvesse um amanhã que cantasse, ou mesmo do forreta do Beaggle, que pouco tinha conseguido amealhar com os jogos, pois pagava tantas comissões aos intermediários que, no fim, pouco lhe ficava.

Na segunda entrevista tentei explicar-lhes que o meu objectivo era mesmo conseguir estar o mais tempo possível sozinho. Ainda assim, os psis deviam achar que eu não enquadrava no modelo estatístico que tinham desenhado para o recrutamento e eu sentia uma tensão crescente quando, de seis em seis meses, tinha que ir à consulta.

Até que uma psi, uma jovem-adulta particularmente bonita, me encostou à parede. Receio que passar tantas horas a ver pornografia não seja muito saudável, começou ela. Ainda esbocei uma narrativa previamente ensaiada, que andava a pesquisar para um estudo sobre esse género cinematográfico alternativo, com particular enfoque nos velhos filmes de película, antes do VHS ter transformado a pornografia numa indústria de massas. Ela riu-se à gargalhada. Você tem um sentido de humor muito peculiar, observou. E eu observei-a também, completamente inebriado com aquela gargalhada redentora. Sobretudo porque, tirando aquela gargalhada, toda ela era contenção, do tailleur cinza de bom corte, até ao excesso de ganchos com que tentava domesticar uma cabeleira que prometia sexo a galope. Imaginei-me a despenteá-la e atrevi-me a convidá-la para jantar. O primeiro encontro correu tão bem, que na folga seguinte se viu obrigada a demitir-se para não incorrer num processo disciplinar por causa das rígidas normas sobre qualquer contacto íntimo entre os colaboradores da STR.

Casámos. Se o sexo, afinal, não passou de uma promessa vã, em compensação o facto de agora ser um homem de família deixou os meus patrões mais relaxados. E até a mim, pelo menos durante algum tempo, o arranjo não me pareceu mau de todo. A Joana revelou-se uma excelente dona de casa. Mantinha-me o habitáculo impecavelmente limpo e arrumado, cozinhava muito bem e obrigava-me a manter uma aparência de vida social, através dos jantares e festas em casa dos seus amigos para onde me arrastava durante as folgas. Afinal, ajudara a desenhar o perfil do funcionário da STR e sabia, melhor que ninguém, quanto esse tipo de interacção social valorizava a minha carreira no consórcio.

Posso ser um geek, mas não sou completamente parvo. Comecei a desconfiar que ali havia coisa. Senti aquela pulguinha a ferrar-me atrás da orelha. Montei umas nanocâmaras no quarto, na cozinha, na sala e até no WC. E pronto. Durante a rotação seguinte, substituí o porno vintage por real amateurs, na minha própria cama. Aquela puta de merda, que não percebia porque é que as pessoas dão tanta importância ao sexo, andava a adornar-me a testa com um jovem pintor pós-abstracto coberto de tatuagens e todo furado com piercings. 

E se fodiam bem. Genericamente, considero-me um expert. Já vi de tudo. O hilariante mudo com a ovelha escondida atrás do buraco na cerca. As gloriosas películas do Gerard Damiano, Garganta FundaO Diabo em Miss JonesA História de Joana. O descomunal mangalho do John Holmes durante o advento do VHS. Os popularíssimos castings de câmara fixa do Pierre Woodman, para a Private. E garanto-vos que, tirando o americano Jamie Gillis e o italiano Rocco Sifredi, nunca vi garanhão tão dotado para a arte de bem cavalgar todo o estribilho.

Ser corno ainda seria o menos. Para ter ciúmes teria que estar apaixonado. Nunca estive apaixonado por ninguém senão por mim próprio e só me casei para manter uma certa aparência de normalidade, segundo os peculiares padrões da STR. No entanto, uma rápida consulta à conta conjunta deixou-me mais irritado que preocupado, pois o grosso do meu crédito continuava muito bem arrumadinho em Singapura. Resolvi seguir o dinheiro, como dizem os polícias nortamericanos, e percebi rapidamente que a patroa andava a financiar a casa, o atelier, o Tesla topo de gama, as roupas de marca, os piercings de griffe e até mesmo as design drugs do amante. Ou seja, o cabrão do artista andava a comer-me a patroa e, não contente com isso, ainda me andava a comer o cu a mim, que era quem nutria a puta da conta conjunta. Tinha que tomar providências.

Ao fim de alguns anos, a operação da STR sofrera uma significativa alteração. Prevista desde o início, demorou seis anos a construir uma estação de serviço com meios humanos e técnicos de salvamento necessários para o caso de um dos dispendiosos camiões do lixo ter problemas em órbita. A rotina dos turnos acabou também por sofrer algumas mudanças. A cada viagem, um de nós ficava na estação de serviço e era recolhido na rotação seguinte. No geral, ninguém gostava desta parte do trabalho, pois implicava, na prática, poder ficar seis meses seguidos sem vir a Terra.

Ora, para mim, isto era música. Da boa. Falei com a direcção de pessoal e propus-me fazer um contrato, necessariamente bem remunerado, para permanecer um ano inteiro na estação de serviço. Então e a sua mulher? quiseram logo saber. Sinto que a minha mulher anda infeliz e eu acabo por ficar igualmente infeliz por vê-la assim. Então porque é que não se divorcia? insistiram. No fundo, acho que ela ainda me ama e eu continuo também a amá-la. E, já lá dizia Sting, o poeta dos Police

If you love somebody set them free

Por isso, parece-me que o melhor é dar tempo ao tempo e ver se, com o afastamento, conseguimos salvar a nossa relação. Aos psis pareceu-lhes muito razoável esta linha de argumentação e deram o parecer favorável à minha contratação por um ano, automaticamente renovável na ausência de rescisão explícita, por mim formalmente comunicada até dois meses antes do termo.

Fiz uma incursão ao meu antigo bairro e arranjei um taser, kitado. Não me ficou assim tão caro convencer o russo a ficar uma semana no meu lugar, o controlador não se opôs que eu o substituísse no vai-e-vai seguinte e consegui ficar em Terra. Alojei-me num hotel tão rafeiro que, desde que pagasse adiantado e em numerário, nem o meu nome queriam saber. Horas antes de partir, regressei a casa, duas horas antes da minha partida. Torrei-os enquanto davam uma à canzana, o que daria o climax cinematográfico perfeito. Meti-me no camião do lixo e segui para a estação de serviço, onde comuniquei oficialmente o ocorrido às autoridades competentes. Invoquei legítima defesa do meu património e juntei recibos extravagantes, movimentos não autorizados da conta conjunta, levantamentos voluptuários, transferências para terceiros sem o meu expresso consentimento, etc., bem como imagens explícitas que provavam a relação extramarital da de cujus. A acusação pretendia que as imagens não poderiam ser usadas em juízo, porque ilícitas. Porém, na verdade, nada na lei me impedia de montar câmaras na minha própria casa. Logo, a meu ver, aquelas provas audiovisuais eram tão legítimas como os os recibos dos movimentos bancários.

Ainda assim, isto não tem sido tão favas contadas como eu previa. A jovem delegada do ministério público, encarregue do processo, decidiu fazer carreira com o meu caso, que ela considerava o arquétipo da nunca completamente erradicada dominação masculina. O que ela talvez não saiba é que eu tenho dinheiro, muito dinheiro. E que posso contratar, não só os melhores advogados do planetazul, como os crakers mais sacanas da net que, se isso servir para a desacreditar, até vão descobrir se desinfecta devidamente as mãos depois de ir à casa de banho.

Uma de duas. Se correr bem, levo quatro ou cinco anos de pena suspensa e não se fala mais nisso. Se correr mal, deixo renovar ad nauseam o meu contrato e fico quietinho na estação de serviço, onde a jurisdição da Terra não tem qualquer validade. Uma coisa é certa, aquela puta de merda, que não percebia porque é que as pessoas dão tanta importância ao sexo, não vai continuar a foder-me o dinheiro que tanto trabalho me deu a ganhar.

Por falar nisso. Já combinei tudo com os meus colegas da STR 17. O russo faz de conta que me craka as filmagens do meu antigo lar. O gajo do Beaggle que, entretanto, acabou por morrer de velho, edita as melhores sequências. É coisa para dar, pelo menos, uma dúzia de episódios, sendo que o último será mesmo um raro snuff. Na darknet isto vai vender que nem ginjas. Ou seja, aconteça o que acontecer, vamos os três ganhar uma pipa de dinheiro. Depois, logo se vê.