Exílio

Filme Sal Nunkachov

Do meu exílio vislumbrei o exílio do Valério. Lembrei alguns passados, como quando aconselharam a não  sair de casa em 2013 por causa duma tempestade que arrancou telhados e árvores. Essas imagens que ia captando iram-me ser úteis um dia, pensei eu.  E as imagens da Serra da Estrela em 2012, com as escarpas a chorar uma neve deslavada e a ver as nuvens de cima, estar acima das nuvens, e deixar o corpo cair inerte na chuva. Esse assomo de liberdade e contingência,  esse espaço que, por mais que houvesse, a claustrofobia vencia, reli eu quando conheci o livro «Da Família».  Quando deixam o Rogério na rua recordei todas estas caminhadas no vazio. Aos poucos a Georgina passa a sentir a presença da câmara,  encara-a quando o Rogério vai à janela. E depois deixamos de saber deles (dela e dele) e mergulhamos numa água de prata que há-de lavar ou não aquilo que somos. Este preto e branco vi-o eu no texto do Valério.