Soneto do Anglia Fascinante a caminho da estrada da Comporta

Poesia Afonso de Melo

Conduzindo o Anglia por entre pinheiros
A caminho do mar para falar com Deus
À garupa dos imaginários cavaleiros
Da raça blasfema dos ateus

A divindade está na máquina; não em nós
No barulho velho regular e rotineiro
Trinta e nove cavalos e mais uns pós
Na contracurva do meu abrupto passeio

Acelero um pouco: faz-se tarde…
O sol de frente: a manhã arde!
Resfolega o rocinante a pena minha

A vida não tem marcha atrás nem se adivinha
Nas rotações do Fascinante que caminha
Por entre o negro do corvo e a brancura da pinha